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Cem mil trabalhadoras rurais organizam-se para marchar em Brasília

A sexta marcha das Margaridas está na fase final de organização e recebe até 2 de julho doações e apoios para viabilizar a ida das de mulheres do campo, da floresta e das águas para marchar em Brasília.

Inspiradas no exemplo de luta da trabalhadora rural e líder sindical paraibana Margarida Alves, mulheres do campo, das florestas e das águas se organizam para realizar em Brasília, nos dias 13 e 14 de agosto, a Sexta Marcha das Margaridas. Esta é uma das maiores ações de mulheres populares da América Latina, reunindo numa só marcha mais de cem mil trabalhadoras rurais, agricultoras familiares, camponesas, sem-terra, artesãs, extrativistas, quebradeiras de coco, seringueiras, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas, indígenas – tantas outras identidades construídas no país – para visibilizar a luta por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.

Este ano, as Margaridas lançaram uma campanha de financiamento coletivo, abrindo à população a possibilidade de apoio direto a realização desta ação. Até agora foram arrecadados mais de 70 mil reais para que a Marcha leve à capital do país as propostas e os quereres de quem produz comida sem veneno para a população. A ação vem sendo realizada desde 2000 a cada quatro anos e tem revelado grande capacidade de organização e mobilização por meio de uma metodologia que inclui amplo processo formativo, de debate, ação política e mobilização, desenvolvido pelas mulheres desde suas comunidades, municípios e estados, até chegar às ruas da capital do País.

Coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), suas 27 Federações e mais de 4 mil Sindicatos filiados, a Marcha das Margaridas se constrói em parceria com os movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais. Uma novidade é que, este ano, as mulheres indígenas decidiram se unir à Marcha das Margaridas. A decisão foi tomada em plenária durante o Acampamento Terra Livre. É a primeira vez que as mulheres se organizam em marcha com outras organizações de mulheres e feministas para chamar a atenção para suas questões.

Posted by Marcha Das Margaridas on Sunday, May 26, 2019

A lutas da margaridas

Criada para cobrar justiça para Margarida e outros casos de violência no campo, a Marcha conseguiu sua primeira conquista em 17 de junho de 2001: foi realizado o julgamento do acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Margarida Maria Alves. Hoje, mais do que nunca, o Brasil e a América Latina precisa fortalecer luta das Margaridas. Estão em jogo nossas vidas, a democracia, o patrimônio do povo brasileiro, a agricultura familiar e os bens comuns da natureza.